segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Desassosego

Fugi das palavras, elas me desassossegavam.

Encontrei outras palavras, soltas, desconexos de imagens e sons. Queria o silêncio.

Agora as palavras dançam, fazem malabares. Embaralham-me. Desassossegam-me.

Voltei em silêncio. Mas as palavras estão em mim. Não sei o que fazer com elas.

Deixarei-as soltas... livres.

Não!

Juntarei-as como confetes e jogarei-as para além dos fios do meu cabelo.

Espero que o vento seja bonzinho e leve-as para longe. Mas se algumas ficarem, não as largarei. E acho justo não abandoná-las. Mesmo quando há silêncio.

Em meus cabelos sobram algumas palavras.

Não as pronunciarei. Respeitarei o meu silêncio. Respeitarei o silêncio das palavras.

Deixarei-as. Deixarei, deixarei as palavras me guiarem.

sábado, 20 de novembro de 2010

Estranho tanto mar, estranho tanto amar...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Só quero saber do seu sorriso meio dormindo de olhos ainda fechados de manhãzinha antes do café. Da procura involuntária dos corpos durante a madrugada. Da respiração escutada com as costas. E se caso tudo isso junto resultar – sempre resulta – em acordar, meio sem certeza que acordou de tão bom que é, com corpos tão juntinhos, quase que um só.

É, numa madruga, meio assim distante, o melhor de saber é que logo isso vai acontecer.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tempo

Abraçava o infinito achando que assim era ser livre. Minutos e palavras faziam cócegas como bolhinhas de sabão que estouram no rosto.

Aiiaia como queria ser antes de qualquer coisa, e não agora que não é coisa nenhuma.

O pote depois do arco-íris é menos valoroso que as cores pintadas no céu, marcas da brincadeira do tempo.

E agora, que o sol decidiu ficar, espantando o cinza do céu que por várias vezes alegrou, as tarde e as noites.

Gotinhas do céu não caem hoje, não molham os nossos pés, não despertam risadas e nem me faz correr pra barraquinha da esquina – e esperar ele me beijar.

Hoje é dia do tempo parado, das lembranças que dançam... mas só elas conseguem dançar.

Queria ter chegado antes que o tempo, mas ninguém faz isso, também não sei se é culpa do tempo. A verdade que ninguém sabe do tempo e acho que ele também não sabe da gente. Sei que queria um tempo diferente.